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Vivendo de Saudade em Saudade

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Certa vez, numa conversa simples de um jovem como eu, contrastando com a experiência em vida, meu avô me disse:

“Vini, a gente vive de saudade em saudade”.

Com um olhar carregado de sentimentos profundos e que queriam ser colocados para fora, meu avô me disse uma das frases que mais marcaram a minha vida. Me recordo que ouvir aquilo de um senhor já aposentado, cego, com todos os filhos criados e no auge dos seus setenta anos foi algo muito marcante e inesquecível para mim. Me fez, por bastante tempo, refletir sobre o que é realmente sentir saudade de algo.

O tempo passou, mas aquela fala nunca saiu dos meus pensamentos e foi criando novos sentidos dentro de mim.

Hoje consigo entender melhor o que meu avô estava querendo dizer e também entendo o quanto de bagagens a vida põe sobre cada um de nós – bagagens essas que a gente costuma chamar de saudade.

Não é possível tangibilizar esse sentimento.

Não somos bons em encerrar ciclos.

É como se sempre estivéssemos comprimidos por algo muito forte. Algo que nos enche, que nos sufoca, que faz com que tenhamos o desejo de voltar a sentir o que já esteve conosco; sentir o cheiro, o gosto, o tom da voz, o toque e todas as sensações que sentíamos com aquilo que constitui a nossa saudade.

Haverá momentos em que ela irá apertar mais forte. É inesquecível, já esteve aqui.

Ela assusta pelo tamanho e pela imensidão de sentimentos que carrega. Assusta porque a gente sabe que, no fim das contas, tudo vai virar saudade. Daquelas que a gente daria de tudo para poder revisitar, nem que por cinco minutos.

As sensações dão saudade. O ruim é que não tem como voltar no tempo.

Mas há uma notícia boa no meio disso tudo. Existem saudades que podem ser extirpadas. Existem saudades que estão a um passo de poderem acabar. Que estão a uma ligação, a uma caminhada, a um assassinato de ego inflado e de um abraço que é capaz de sanar tudo isso. Essas a gente tem a obrigação de matar.

Também existem saudades que precisam continuar sendo apenas saudades, é pro nosso bem.

No fim das contas, a gente vai sempre viver de saudade em saudade e nunca vamos ter aproveitado o que vivemos em sua totalidade. Nós não nos escapamos disso e até as pessoas mais amadas por nós não terminarão a caminhada conosco. É fato: tudo vai virar saudade.

O importante é você nunca sentir saudades de quem vai terminar sua jornada ao seu lado: você mesmo. A pessoa que você vê no espelho é a única que seguirá com você até o fim.

Não esqueça ela no meio do caminho.

Mate a saudade.

Você não merece sentir sua falta.

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