Um artigo publicado nesta segunda-feira (10) na revista Astronomy & Astrophysics revela uma imagem impressionante capturada pelo telescópio espacial Euclid, que está em uma missão de seis anos para explorar o Universo escuro: um Anel de Einstein.
Foi a primeira vez que o observatório orbital da Agência Espacial Europeia (ESA) registrou esse fenômeno – já fotografado antes pela NASA com o Hubble e o James Webb.
Lançada em 1º de julho de 2023, a espaçonave começou a jornada com várias etapas de testes para garantir que seus instrumentos estivessem funcionando corretamente. Durante uma dessas fases, em setembro de 2023, a equipe recebeu algumas imagens.
Embora os registros estivessem fora de foco, um deles chamou a atenção de Bruno Altieri, cientista do Arquivo Euclid. “Mesmo com a imagem borrada, algo me chamou a atenção, e após mais observações, confirmamos a presença de um Anel de Einstein”, relata Altieri em um comunicado.
O Anel de Einstein observado pelo Euclid fica em uma galáxia chamada NGC 6505, localizada a aproximadamente 590 milhões de anos-luz da Terra. A estrutura, visível devido à alta resolução dos instrumentos do telescópio europeu, é formada por luz distorcida de uma galáxia mais distante, situada a 4,42 bilhões de anos-luz de distância.
O que é um Anel de Einstein
Anéis de Einstein se devem a um fenômeno conhecido como lente gravitacional, em que a luz de uma galáxia distante é curvada pela gravidade de uma galáxia em primeiro plano. A distorção cria uma imagem que pode formar um anel perfeito.
Este fenômeno é um exemplo de “lente gravitacional forte”, uma ocorrência extremamente rara e cientificamente valiosa. “Este anel é particularmente interessante porque está relativamente perto de nós, e o alinhamento da luz o torna ainda mais impressionante”, explica Conor O’Riordan, do Instituto Max Planck de Astrofísica, um dos autores do estudo recente.

A teoria da relatividade de Albert Einstein prevê que a luz se curva ao passar por objetos massivos, como galáxias ou aglomerados de galáxias. Isso significa que, quando o alinhamento é perfeito, podemos ver galáxias que, de outra forma, estariam ocultas.
Mais do que visualmente incrível, o Anel de Einstein encontrado pelo Euclid também representa uma oportunidade única para os cientistas. Estudar esses anéis pode ajudar a entender melhor a expansão do Universo, além de fornecer pistas sobre a misteriosa matéria escura e a energia escura, que são elementos fundamentais, mas ainda pouco compreendidos, do cosmos.
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“É fascinante que o anel tenha sido detectado em uma galáxia bem conhecida, que foi observada pela primeira vez em 1884”, comenta Valeria Pettorino, cientista do projeto Euclid. “Apesar de ser uma galáxia estudada há muito tempo, nunca havíamos observado esse fenômeno nela, o que mostra a incrível capacidade do Euclid de encontrar novas informações, até mesmo em lugares onde pensávamos já ter todas as respostas”.
Ao longo de sua missão, o telescópio Euclid mapeará mais de um terço do céu, observando bilhões de galáxias a até 10 bilhões de anos-luz de distância. O objetivo principal é observar efeitos mais sutis de lentes gravitacionais fracas, nas quais a luz das galáxias distantes é levemente distorcida.
Até o momento, menos de mil lentes fortes como o Anel de Einstein haviam sido identificadas, e poucas foram registradas em alta resolução.
A descoberta do Anel de Einstein tão cedo na missão do Euclid é uma grande vitória para os cientistas, ao demonstrar o potencial do telescópio para revelar mistérios cósmicos. “Euclid vai revolucionar o campo da astrofísica, oferecendo dados inéditos que podem mudar nossa compreensão sobre o Universo”, afirma O’Riordan. A missão também promete ampliar nosso conhecimento sobre a natureza da gravidade, a expansão do Universo e os efeitos da matéria escura e da energia escura.
Fonte: olhardigital.com.br
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