Especialistas sempre falaram dessa característica dos corpos embalsamados do Egito Antigo – e agora há um estudo sobre isso.
Você já esqueceu algum alimento na geladeira por muito tempo? Ou já viu a carcaça de algum animal morto? É fato científico que a decomposição de matéria orgânica costuma feder – e muito. Isso acontece por causa da ação de bactérias, que emitem esse forte odor durante a digestão de proteínas.
As múmias do Egito Antigo fogem dessa regra. Vários relatos de pesquisadores já apontavam para essa característica incomum. Estamos falando de corpos embalsamados há cerca de 5 mil anos: como eles não ficaram com mau cheiro nesse tempo todo? A resposta está no processo de mumificação.
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O que antes ficava apenas no boca a boca tornou-se agora um estudo científico formal. Professores do University College London analisaram 9 múmias de um museu egípcio no Cairo. E o resultado comprovou que a maioria delas cheiram bem até hoje.
De acordo com os autores, os novos dados oferecem pistas sobre os materiais usados no processo milenar da mumificação, além de mostrar como as práticas e os ingredientes evoluíram – e se e conservaram com o tempo.
Você pode ler a pesquisa na íntegra no Journal of the American Chemical Society.
Um odor agradável
- Os pesquisadores recrutaram uma equipe de “farejadores” profissionais e contaram também com um “nariz eletrônico”.
- De acordo com esses especialistas, 78% das amostras mantiveram um aroma “amadeirado”.
- Outros 67% foram descritas como “picantes” e 56% identificaram cheiros “doces”.
- Apenas um terço das múmias emitia odores negativos (a principal crítica falava em “cheiro de velho”).

- Os cientistas usaram técnicas como cromatografia gasosa e espectrometria de massa para não confundir os odores originais com os aromas provenientes dos esforços modernos de conservação.
- A conclusão foi que o cheiro agradável veio do uso de óleos, resinas e ceras durante o processo de mumificação.
- Foram identificados materiais ligados a cedro ou pinheiro, resinas de goma, como mirra e olíbano, além de outras plantas como tomilho, lavanda, eucalipto e cânfora.
- Esse perfume conseguiu se manter por milênios graças à meticulosa técnica egípcia de limpar o cadáver.
- Historiadores afirmam que o trabalho de embalsamar era responsabilidade de alguns sacerdotes especiais, que demoravam cerca de 70 dias no processo.
- Em primeiro lugar, eles retiravam os órgãos internos, que poderiam se deteriorar rapidamente.
- Na sequência, eles secavam cuidadosamente o corpo e só então entravam com a parte das faixas de linho e das substâncias aromáticas.
Uma questão religiosa
Vale destacar que todo esse cuidado tem uma explicação religiosa. Os antigos egípcios acreditavam estar preparando os corpos dos seus faraós (e de outros membros da elite) para a vida eterna.
O cheiro era considerado algo fundamental para eles. Aromas agradáveis eram associados aos corpos de divindades e sua pureza. Já odores fétidos indicavam corrupção e decadência de uma pessoa.

Inicialmente, somente o faraó tinha direito à mumificação no Egito Antigo. Isso depois se estendeu aos nobres e, posteriormente, a quem pudesse pagar pelo procedimento.
Uma última curiosidade é que o nome múmia teve origem com os árabes. A palavra árabe mummyia significa “betume”, material que eles acharam que era utilizado no processo de mumificação.
As informações são do IFL Science.
Fonte: olhardigital.com.br
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