Uma equipe internacional de cientistas conseguiu aplicar com sucesso um método inovador para determinar o sexo de um humano arcaico que viveu até 3,5 milhões de anos atrás. A técnica “paleoproteômica” se baseia no uso de proteínas antigas presas no esmalte dos dentes e foi desenvolvido há 30 anos.
Até então, o método não tinha funcionado em um humano tão antigo, de acordo com o estudo publicado no South African Journal of Science. “Embora ainda esteja em sua infância para fósseis de hominídeos do Plio-Pleistoceno, a paleoproteômica tem o potencial de ajudar a desvendar as causas da variação morfológica”, dizem os autores.
“A diversidade e variação de fósseis de hominídeos são frequentemente contextualizadas dentro de outros conjuntos fósseis ou equivalentes modernos/existentes. No entanto, a incompletude do registro fóssil, o viés de seleção de amostras e a condição tafonômica dos próprios espécimes restringem as interpretações de diversidade e variação dentro e entre espécies”, justificam.
Embora as proteínas se decomponham, a reciclagem de nitrogênio não é completamente eficiente, e em ambientes protegidos (por exemplo, ossos, dentes, casca de ovo) as proteínas podem persistir por milhões de anos ou mais, como explica este artigo da Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA.
Codificadas pelo DNA, as proteínas compactam a mesma quantidade de informações de sequência em aproximadamente um sexto do número de átomos. Elas preservam parte do sinal genético hereditário de um organismo e, portanto, as sequências podem ser usadas para fazer identificações taxonômicas e reconstruir filogenias.
Leia Mais:

E qual foi o resultado?
O material da pesquisa foi coletado de um indivíduo Australopithecus africanus cujos restos mortais foram encontrados nas cavernas de calcário de Sterkfontein, que integra a região considerada como “berço da Humanidade” da África do Sul.
Por lá, viveram pelo menos seis espécies de hominídeos de três gêneros representados: Australopithecus, Paranthropus e Homo. Os pesquisadores extraíram mais de 100 peptídeos do dente — e descobriu-se que se trata de um indivíduo do sexo masculino.
Agora, a equipe quer ampliar a extração desse tipo de material de outros fósseis encontrados em regiões com climas variados. “Todas essas são descobertas incrivelmente empolgantes que estão prestes a revolucionar nossa compreensão da evolução humana”, escreveram os pesquisadores.
Fonte: olhardigital.com.br
Comente