Um estudo publicado nesta segunda-feira (17) no periódico científico Journal of Vertebrate Paleontology revelou uma espécie até então desconhecida de predador pré-histórico que viveu há 30 milhões de anos. A descoberta de um crânio quase completo no Egito levou os cientistas a identificar o Bastetodonte – um antigo mamífero carnívoro do grupo dos hienodontes.
Com dentes afiados e uma mandíbula poderosa, o Bastetodonte era um predador temível, comparável em tamanho a um leopardo. Ele ocupava o topo da cadeia alimentar e caçava primatas, hipopótamos e elefantes primitivos. No passado, a região onde viveu era uma floresta densa, diferente do atual deserto de Fayum, no Egito.
A descoberta foi liderada pelo paleontólogo Shorouq Al-Ashqar, da Universidade de Mansoura e da Universidade Americana do Cairo. Em um comunicado, ele conta que a equipe escavou a região por dias até encontrar algo inesperado: um conjunto de dentes emergindo do solo. Esse achado levou à revelação do crânio quase intacto, um verdadeiro achado para a paleontologia.
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Os hienodontes surgiram muito antes dos carnívoros modernos, como cães e gatos. Durante milhões de anos, esses predadores dominaram os ecossistemas africanos após a extinção dos dinossauros. No entanto, eles desapareceram à medida que o clima e os ambientes do continente mudaram.
O nome Bastetodonte homenageia a deusa egípcia Bastet, associada à proteção e à saúde. O sufixo “-odonte” refere-se aos dentes curtos e robustos do animal, que lembram os de um felino. O fóssil foi encontrado durante expedições do Sallam Lab, equipe que há anos estuda fósseis na região de Fayum.
A importância do achado vai além da descoberta de uma nova espécie. O estudo também levou à reavaliação de fósseis de um grupo de hienodontes do tamanho de leões, encontrados há mais de um século na mesma região. Com isso, os pesquisadores criaram um novo gênero, Sekhmetops, em referência à deusa egípcia Sekhmet, associada à guerra e à fúria.
O Sekhmetops havia sido classificado em um grupo europeu de hienodontes, mas os cientistas demonstraram que tanto ele quanto o Bastetodonte pertenciam a um ramo africano da linhagem. Essa conexão entre os dois animais reflete um paralelo com a mitologia egípcia, onde Bastet e Sekhmet estavam ligadas.

A pesquisa mostra que os parentes desses predadores se espalharam pelo mundo em ondas migratórias, chegando à Ásia, Europa e América do Norte. Há 18 milhões de anos, alguns desses hienodontes estavam entre os maiores carnívoros terrestres já registrados.
No entanto, mudanças climáticas e transformações na paisagem africana permitiram a chegada de novos predadores, como os ancestrais dos felinos e canídeos modernos. Com a diminuição das presas e a competição crescente, os hienodontes acabaram extintos, dando lugar a um novo equilíbrio nos ecossistemas.
Fonte: olhardigital.com.br
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