Em 12 de fevereiro, o WEST (sigla em inglês para Ambiente Tungstênio em Tokamak de Estado Estacionário), um reator nuclear localizado no sul da França, atingiu o recorde mundial ao manter um plasma por 1.337 segundos. Esse tempo é 25% superior ao anterior, alcançado pelo EAST (Tokamak Supercondutor Avançado Experimental), na China.
A melhoria é um avanço significativo para o desenvolvimento de reatores de fusão, como o Reator Termonuclear Experimental Internacional (ITER), que visam manter plasmas por minutos ou até horas.
Manter o plasma estável é um dos maiores desafios. Por ser instável, o plasma precisa ser controlado para evitar que danifique os componentes da máquina ou se perca. A equipe da Comissão de Energia Atômica da França (CEA) tem se dedicado a essa tarefa e agora se prepara para atingir durações ainda mais longas, até algumas horas, além de aumentar a temperatura do plasma para se aproximar das condições ideais para a fusão nuclear.
O sucesso do WEST é resultado de décadas de pesquisa e experiência no uso de tokamaks, dispositivos que permitem o estudo e o controle de plasmas. Sua tecnologia inclui bobinas supercondutoras e sistemas de resfriamento ativo, essenciais para manter o plasma por tanto tempo.
O WEST é parte de um esforço global que inclui outros projetos importantes, como o Toro Europeu Conjunto (JET) no Reino Unido, o JT-60SA no Japão, o EAST na China, o KSTAR na Coreia do Sul e, claro, o ITER, que será o maior reator de fusão do mundo.
Leia mais:
Em um comunicado, Anne-Isabelle Etienvre, Diretora de Pesquisa Fundamental do CEA, destacou que o WEST alcançou um marco importante ao manter o plasma por mais de 20 minutos com 2 MW de energia de aquecimento. Com a continuidade dos experimentos, a expectativa é aumentar ainda mais a potência e aprimorar a técnica, ajudando a comunidade internacional a se preparar para o ITER.
O que é a fusão nuclear?
A fusão nuclear busca reproduzir o processo que acontece no núcleo do Sol, onde átomos de hidrogênio se fundem para gerar energia – daí o termo ‘Sol artificial’. Essa tecnologia é vista como uma alternativa limpa à fissão nuclear, pois utiliza menos recursos e não gera resíduos radioativos de longa duração. A fusão por confinamento magnético é a técnica mais avançada, na qual um campo magnético mantém o plasma em forma de toro e o aquece até que os núcleos de hidrogênio se fundam.
O JET, um dos maiores tokamaks do mundo, já demonstrou que é possível gerar 15 MW de energia de fusão por alguns segundos. Com o ITER em construção, a França está posicionada para se tornar um líder na geração de energia a partir da fusão nuclear.
Ainda existem desafios técnicos e econômicos para que a fusão seja uma fonte de energia viável em larga escala. Especialistas apontam que a fusão provavelmente não contribuirá significativamente para reduzir as emissões de carbono até 2050, devido à complexidade e ao custo da infraestrutura necessária.
Fonte: olhardigital.com.br
Comente