A VERDADE QUE ESCONDEMOS
Há histórias que a gente carrega em silêncio. Não por vergonha do que viveu, mas por medo de como o mundo vai olhar.
Desde o meio do ano passado, eu venho lidando com a dependência de medicamentos tarja preta. Nem sempre foi escolha ou um impulso. Hoje é receitado por médicos, como forma de suportar a depressão, o borderline e o caos que às vezes vira a minha mente.
Mas a dependência veio. De forma sutil, silenciosa. E quando percebi, eu já não sabia mais se conseguia dormir por mim mesmo ou só por causa do efeito dos remédios. O corpo acostuma. A cabeça agarra. E o medo de ficar sem começa a gritar mais alto que qualquer dor física.
Nessa jornada, ouvi coisas pesadas. Teve gente que me chamou de drogado. E isso doeu. Não porque era uma mentira absoluta, mas porque era um rótulo frio, cruel, vazio de contexto. Ninguém quis saber o que existia antes daquele remédio. Ninguém quis saber quantas vezes eu pensei em desistir.
NÃO É SÓ SOBRE O QUE SE USA
A verdade é que muita gente fala sobre drogas, mas quase ninguém fala sobre dor. Ninguém pergunta o que fez aquela pessoa começar a usar. Ninguém escuta o que ela está tentando anestesiar.
As drogas são anestésicos perigosíssimos para dores reais!
Tem gente que fuma pra dormir. Tem gente que cheira pra se sentir vivo. Tem gente que bebe pra tentar esquecer um passado que não passa. Tem gente que toma comprimido atrás de comprimido porque o silêncio interno virou uma guerra.
E aí vem o julgamento. rótulos. O “fracassado”, o “perdido”, o “drogado”. Como se fosse fácil. Como se alguém quisesse, de fato, se perder assim.
UM CONVITE À ESCUTA
Se você nunca usou nada, mas conhece alguém que usa, acolha
Se você já apontou o dedo, já julgou ou já virou as costas, repense.
Porque no fim, não é só sobre drogas. É sobre dor. Sobre abandono. Sobre sobreviver quando tudo dentro da gente grita pra sumir.
E mais ainda: é sobre resistência.
Sobre tentar, mesmo quebrado.
Sobre não desistir de si mesmo.
vini.
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