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Racismo: Quando a cor define quem vive e quem morre no Brasil

Mais de 135 anos após a abolição da escravidão, o país ainda convive com um sistema que naturaliza a morte de corpos negros e marginaliza milhões de brasileiros.

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Racismo: Quando a cor define quem vive e quem morre no Brasil
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O Brasil insiste em se descrever como uma nação cordial, miscigenada e pacífica. Mas basta observar minimamente as estatísticas — e, mais ainda, os noticiários — para entender que essa imagem não se sustenta. Agora, o assassinato do senegalês Ngange Mbaye pela polícia, no bairro do Brás, em São Paulo, revelou, mais uma vez, o abismo racial que ainda define quem tem o direito de existir plenamente e quem é tratado como ameaça apenas por estar onde está.

Ngange era vendedor ambulante. Imigrante. Trabalhador. Deixou uma companheira grávida de sete meses. Um ciclo que se repete. E se repete. E se repete.

A história de Ngange não é exceção. É regra. Assim como foi a de João Pedro, um adolescente negro de 14 anos, morto com um tiro nas costas dentro de casa, no Rio. Ou a de Cláudia Ferreira, arrastada por uma viatura da polícia militar em 2014. Ou a de Genivaldo de Jesus, sufocado dentro de uma viatura da PRF em Sergipe, em 2022. Ou ainda a de Miguel Otávio, uma criança de cinco anos, filho de uma empregada doméstica, que caiu do nono andar de um prédio de luxo em Recife enquanto estava sob os cuidados da patroa.

São casos diferentes, em lugares diferentes, com contextos diferentes — mas com um padrão em comum: todas as vítimas eram negras.

A pergunta que ecoa é: por que a sociedade brasileira normalizou essas mortes?

UMA ABOLIÇÃO INACABADA

Para entender o presente, é preciso olhar para trás. Em 1888, a assinatura da Lei Áurea pôs fim, no papel, à escravidão no Brasil. Mas o fim da escravidão não significou a inclusão da população negra na sociedade. Muito pelo contrário. A chamada “libertação” veio sem políticas de reparação, sem acesso à terra, à educação ou ao trabalho formal.

Milhões de pessoas foram simplesmente deixadas à margem. E permaneceram lá.

A marginalização pós-abolição não foi um descuido. Foi uma escolha. Um projeto. E é esse mesmo projeto que hoje se revela no encarceramento em massa, na violência policial seletiva, na desigualdade racial no mercado de trabalho e no acesso a direitos básicos.

ESTRUTURA OU ACASO?

É comum ouvir que casos como o de Ngange Mbaye são “tragédias isoladas” ou “falhas do sistema”. Mas quando os números mostram que a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil, é preciso repensar esse discurso.

Estamos falando de um problema estrutural. Não é sobre a intenção de um ou outro agente. É sobre um sistema que, mesmo sem dizer explicitamente, aprende e repete: corpos negros são descartáveis.

Essa constatação exige mais do que indignação pontual. Exige política pública, revisão institucional, responsabilização de agentes e uma profunda mudança cultural. Mas, sobretudo, exige que a sociedade pare de aceitar como normal o que deveria causar revolta.

A IMPORTÂNCIA DE CONTAR ESSAS HISTÓRIAS

Falar sobre esses temas incomoda. Mas se calar é pior. O silêncio perpetua a violência. Por isso, produzi um vídeo em que aprofundo essas questões: o racismo estrutural, os casos emblemáticos que chocaram e os mecanismos que mantêm a desigualdade racial no centro da sociedade brasileira.

Não é um conteúdo leve. Mas é necessário.

Assista agora ao vídeo completo no meu canal: https://youtu.be/Vs64-3SN7-U?si=hjWqlMUu2Op8i9GF

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