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“Lispectorante” preza pela homenagem, mas se perde no subjetivo

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“Lispectorante” preza pela homenagem, mas se perde no subjetivo

Enredo

Glória Hartman é uma artista em crise existencial. Recém divorciada, desempregada e imersa em um bloqueio criativo, ela retorna para a sua cidade natal em busca de um novo rumo para a sua vida. Quando se depara com uma fenda nas ruínas do prédio onde morou a escritora Clarice Lispector, Glória encontra um universo fantástico a ser explorado que mudará a sua vida. 

Metáfora e Clarice Lispector

“Lispectorante” é daqueles filmes que exige uma certa renúncia do espectador. Com uma narrativa mais lenta, sem grandes emoções ou reviravoltas, ele seleciona bem o público e preza pela audiência que gosta de filmes cults, suaves e cautelosos, sem a promessa de reviravoltas, descobertas e diálogos superficiais. O resultado disso é uma produção profunda e sensível, com conversas bem trabalhadas, enredo poético e metafórico e um clímax reflexivo que logo caminha para a resolução final. 

Interpretada por Marcélia Cartaxo, que também deu vida à Macabéa em “A Hora da Estrela” (1985), Glória é uma personagem tipicamente “lispectoriana”: mulher, comum, fora dos padrões estéticos vigentes, mais velha e em crise. É somente a partir de um buraco, no muro em ruínas onde um dia já foi a casa de Clarice Lispector, que Glória redescobre a criatividade e a vida pulsante dentro de si, que a faz se aventurar por caminhos desconhecidos que encontrar um novo amor, uma nova perspectiva de carreira e de felicidade.

O passeio de um Recife real, com seus lados sombrios e tristes, mas também com a sua beleza e cores, criam uma atmosfera íntima e esteticamente bonita, que dialoga com a jornada de Glória, atravessada por altos e baixos, mas bonita e única.

“Lispectorante” preza pela homenagem, mas se perde no subjetivo

Voltas e estranhamento 

As voltas em torno das fantasias e das descobertas de Glória também contribuem para que o longa perca poder em vários momentos. O romance desenvolvido com um andarilho é morno e não parece agregar na narrativa e nem à personagem, que se vê envolvida em um caso sem perspectivas e camadas

A quebra da linearidade narrativa é bastante comum nos livros de Clarice, variando, sem cerimônias ou transições, para diferentes assuntos no mesmo momento. Se para a autora esse fluxo de consciência se dá de maneira fluida, no filme isso não acontece, resultando em estranhamentos com o que está acontecendo e o intuito dentro da obra. À título de exemplo, temos as narrativas paralelas que acontecem dentro da fenda no prédio de Clarice, que ora parecem construir um novo filme dentro do original, ora se alinham, de maneira confusa, ao enredo principal. 

“Lispectorante” preza pela homenagem, mas se perde no subjetivo

Qual o nível da imersão? 

De maneira geral, “Lispectorante” é um filme interessante, carregado de brasilidade e que reflete sobre situações comuns e importantes, principalmente, às mulheres brasileiras. Porém, o uso exagerado do surreal e do subjetivo transformam a experiência de assistir em algo confuso e pouco estimulante para o espectador. No final, a história e a evolução de Glória não ficam à altura do roteiro, dando a sensação de algo inacabado e que ainda não chegou ao seu potencial máximo, restando-nos a dúvida: até que ponto a imersão amplia o olhar ou fecha-o dentro de uma mesma coisa? 

Fonte: www.pippoca.com

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