A convite da Paris Filmes, assistimos antecipadamente ao aguardado longa-metragem brasileiro “Manas”, que estreia nos cinemas dia 15 de maio. Confira nossas impressões.

Sobre o filme
“Manas” marca a estreia da diretora Marianna Brennand em um filme de ficção, o longa já acumula cerca de 20 prêmios conquistados, incluindo o GDA Director’s Award, principal prêmio da Giornate Degli Autori, renomado Festival de Veneza. Na obra, acompanharemos a vida de Marcielle, uma inocente garota de 13 anos que vive em uma comunidade ribeirinha na Ilha do Marajó com o pai, a mãe e três irmãos. A jovem cultua a imagem de Claudinha, sua irmã mais velha, que partiu logo cedo após “arrumar um bom homem” nas balsas que perambulam por águas marajoaras. Conforme amadurece, ela vê suas idealizações desmoronarem, a deixando presa em um ciclo vicioso de abuso e violência.
Nossa impressão
Usando ângulos abertos para mostrar a bela paisagem natural e como forma de narrativa, a diretora opta por uma abordagem no sentido oposto da imagem, transmitindo a sua ideia de uma forma muito mais introspectiva do que o normal, e isso funciona bem, pois nos passa a sensação de insegurança com aquilo que está por vir, afinal, desde o início, somos colocados no ponto de vista de Marcielle, uma jovem que ainda não tem uma visão totalmente definida de si mesmo, e muito menos, dos perigos do mundo real. Reiterando, pois é impressionante como a condução fotográfica –planos abertos para mostrar como a violência é escancarada– ir ao contraponto da condução técnica –abordagem mais discreta, concisa visualmente e emocionalmente– é muito relevante para a narrativa, pois a violência está ali, implícita na sua frente, mas ninguém vê, ou se vê, a normaliza. A ideia infelizmente não morre quando os créditos sobem, pois é algo que ultrapassa o cinema, é algo implícito na sociedade. A película consegue te atingir no âmago mesmo tratando o assunto com cautela e sensibilidade.
Outro ponto forte do filme é a sua ambientação que, apesar de bela, é hostil. O clima que se cria em volta dos personagens é de um calor performático. Claro, utilizando a filosofia para falar além da geografia, esse calor extraído dos personagens incomoda, agarra, ele não pode ser visto, mas ele está ali como uma aura desagradável, o clima é tórrido e ao mesmo tempo nefasto, para mostrar como esse ambiente é degradado, muitas vezes inapto, devido à falta de infraestrutura. Já os mangues, passam a impressão de um lugar estreito, onde não há muita locomoção, é tudo apertado, não tem como fugir.

Elenco
Com Marianna Brennand na direção e Walter Salles na produção, a película apresenta um elenco sólido e muito eficaz. Dentre as principais figuras, temos a talentosíssima Jamilli Correa, que com apenas 13 anos de idade, foi descoberta em uma seleção de atores na periferia de Belém. A jovem já demonstrou muita maturidade em frente às câmeras e aparenta ter um futuro muito promissor na sétima arte. Mas nem só de novatos a obra se baseia, pois temos a grande Dira Paes no papel de Aretha, a delegada. Paes, apesar de não ter tantos minutos de tela, apresenta um papel crucial para o desenrolar da trama. Como apoio a elas, temos mais duas atuações de peso, carregadas de emoção e de uma angustiante entrega do ator Rômulo Braga e da atriz Fátima Macedo.

Conclusão
Fonte: www.pippoca.com
Comente