Em outubro do ano passado, quando escrevi sobre a reflexiva fala de Pepe Mujica aos jovens e seguidores partidários no Uruguai, já era sabido que a luta contra a doença que o tomava já estava perdida. Porém, o próprio Mujica nunca se entregou, apenas pediu privacidade para poder viver os meses que restavam de sua vida.
E este dia chegou ontem, 13 de maio. Data simbólica para a sociedade brasileira, já que marca o fim da legalidade da escravidão no Brasil e início de uma outra luta, a de justiça social para o povo até então escravizado, que dura até os dias atuais.
O Brasil tem no 13 de maio a luta pela liberdade de parte do seu povo. A América latina, no dia 13 de maio, se despede de um guerreiro, defensor da liberdade e da luta por justiça social.
Segue o texto para relembrar o dia em que Mujica “se despediu” da vida pública e que ontem entrou para a história.
O legado de um político para a política
(…) “Mas estou feliz porque quando meus braços acabarem, haverá milhares de braços substituindo a luta… Até sempre, eu dou meu coração”.
Essa foi uma das frases do discurso do ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, em discurso realizado no último final de semana, durante campanha eleitoral no seu país. Os eleitores uruguaios irão às urnas em 27 de outubro para escolher seu futuro presidente.
Mas por que um legado?
Mujica é um dos grandes exemplos de pessoas envolvidas na política que não fizeram uso do dinheiro público em benefício próprio. Em seus discursos e suas ações, dialogou com seu povo e com a oposição, na busca de políticas públicas que atendessem as necessidades da população. É um defensor da democracia! Quando deixou a presidência em 2015, realizou um processo de transição com serenidade e responsabilidade.
O famoso fusca azul, a vida simples, a capacidade de falar e ser ouvido pela juventude, a luta pela liberdade do seu país e a defesa da democracia na América Latina, tornam Mujica um dos políticos mais receptivos do continente. Ele disse estar “perto de se retirar para o lugar de onde não se volta”, mas sua luta e seu legado político, ficará na história.
Por Leonardo Stefano
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