Uma empresa de energia tem plano de construir porto industrial com alto poder destrutivo no deserto do Atacama (Chile), onde o céu é um dos mais puros do planeta. A ideia da AES Andes é levantar plantas de produção de hidrogênio e amônia em área de três mil hectares, o equivalente a um terço da área de Manhattan (EUA). A construção seria realizada no sítio astronômico de Cerro Paranal.
O negócio é comandado por subsidiária da empresa estadunidense AES Corporation, que opera na região dos Andes, na América do Sul, e vende energia no Chile, Colômbia e Argentina. As obras devem ser realizadas nas proximidades do Observatório Europeu do Sul, que tem se beneficiado da estabilidade atmosférica na região para estudos astronômicos graças aos baixíssimos índices de poluição.
Uma proposta ainda em estágio inicial foi apresentada em 24 de dezembro e cita parceria com a Samsung para avaliar viabilidade do chamado “Projeto Inna” para produção de hidrogênio verde para consumo doméstico e exportação.
“Como em qualquer projeto, nossa parceria com comunidades locais e partes interessadas é prioridade máxima, garantindo que estamos apoiando o desenvolvimento econômico local, ao mesmo tempo em que mantemos os mais altos padrões ambientais e de segurança”, diz o comunicado da AES Andes.
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O Observatório Paranal é operado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês) desde sua inauguração, em 1999. O Prêmio Nobel de Física de 2020 foi concedido a uma pesquisa sobre buracos negros realizada com imagens captadas por telescópios no Paranal.
“Emissões de poeira durante a construção, aumento da turbulência atmosférica e, especialmente, poluição luminosa, impactarão irreparavelmente as capacidades de observação astronômica”, disse o diretor-geral do ESO, Xavier Barcons, em declaração.

Na mesma região, está em andamento a construção do Extremely Large Telescope (ELT), o maior telescópio do mundo desse tipo, que promete “mudar drasticamente o que sabemos sobre o nosso Universo”, de acordo com os cientistas.
“É crucial considerar localizações alternativas para este megaprojeto que não coloquem em risco um dos tesouros astronômicos mais importantes do mundo”, acrescentou Itziar de Gregorio, Representante do ESO no Chile.
O comunicado diz ainda que a realocação do plano é a única maneira de evitar danos irreversíveis aos céus únicos do Paranal, preservando um dos “últimos céus escuros verdadeiramente imaculados da Terra”.
Fonte: olhardigital.com.br
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