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Inflação dos alimentos: fatores e medidas sobre a alta dos preços

Além dos eventos ligados à mudança climática, como as enchentes e regimes de secas intensas que impactam nos preços de determinados produtos, a crescente dinâmica de exportação de alimentos interfere diretamente no consumo brasileiro.

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A alta persistente nos preços dos alimentos no Brasil, tem se tornado umas das questões mais preocupantes na vida dos brasileiros, essencialmente das famílias mais vulneráveis. O encarecimento de itens como o feijão, carne bovina, café, soja, podem não gerar impactos significativos nas mesas das pessoas mais ricas, no entanto, para a pessoas mais pobres, alguns itens podem ser reduzidos ou deixar de fazer parte da alimentação.

Só em 2024, os alimentos registraram alta de 7,69%, contribuindo para a elevação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) , que atingiu 4,83%. Nos últimos dez anos, essa foi a sétima vez em que os preços dos alimentos superaram a inflação oficial do país. Desde 2018, os alimentos ficaram abaixo da inflação geral apenas nos anos de 2021 e 2023.

Segundo o que afirmou o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, na última sexta-feira (21), a alta dos preços dos alimentos se trata de um “momento pontual”, além disso, o Brasil mantém uma economia “sólida” e está adotando medidas para conter a inflação.

Por outro lado, especialistas analisam que a inflação dos alimentos não se caracteriza como um fenômeno pontual. Além dos eventos ligados à mudança climática, como as enchentes e regimes de secas intensas que impactam nos preços de determinados produtos, a crescente dinâmica de exportação interfere diretamente no consumo brasileiro. Nesse sentido, a inflação trata-se de um fenômeno estrutural, desencadeado por causas que se estendem a longo prazo. “A causa básica do aumento dos produtos alimentícios é que passamos a exportar muito, especialmente neste século”, comenta José Giacomo Baccarin, professor de economia e política agrícola da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) e diretor do Instituto Fome Zero (IFZ).

O Brasil está entre os maiores exportadores de alimentos do mundo, com capacidade de produzir o suficiente para atender às necessidades calóricas de aproximadamente 900 milhões de pessoas, o que equivale a cerca de 11% da população global. Mais de 50 % da soja colhida no país não é direcionada à alimentação da população, é exportada. O aumento da produção deste grão se relaciona com a redução de hectares para o cultivo do feijão, item que não possui uma exportação tão significativa quanto a soja. Como resultado, a oferta de feijão diminui, elevando seu preço. A soja, por ser comercializada em um mercado internacionalizado, oferece maior estabilidade aos produtores, ao contrário de gêneros básicos como o feijão, que se concentram principalmente no mercado interno.

Segundo Baccarin, o cenário brasileiro registra uma oferta acima do consumo interno, impactando diretamente nos preços dos alimentos consumidos pelos brasileiros, sendo produtos exportáveis ou não. “Para os empresários das cadeias exportadoras, não faz sentido cobrar internamente um preço que não corresponda ao internacional. Ou seja, uma superprodução no Brasil pode vir acompanhada de aumento do preço interno, e uma frustração produtiva pode levar à queda dos preços”, analisa o economista.

Itens menos comercializáveis no mercado externo, como o feijão e a mandioca, são afetados pela variação dos preços internacionais. Dependendo da expansão ou redução do cultivo de produtos exportáveis, esses alimentos podem ou não ser cultivados, conforme o capital disponível que sobra para seu plantio. Além disso, a oferta e consumo destes alimentos dentro do país são muito próximas, propiciando contexto de maior instabilidade.

Maior apoio à agricultura familiar
Possíveis saídas para a inflação dos alimentos, requer iniciativas do governo que incentivem à produção agrícola para o mercado interno, fomentando à agricultura familiar.

Posição do Governo frente a inflação
Em entrevista ao jornal Metrópoles na última quinta-feira (20), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que os preços dos alimentos tendem a cair até junho, impulsionados pelo aumento da produção da safra deste ano. No mesmo dia, o presidente Lula, em entrevista à Rádio Tupi, declarou: “O fato de você estar vendendo o produto em dólar que está alto, não significa que você tenha que colocar no preço do brasileiro o mesmo preço que você exporta.” E acrescentou que o governo vem tomando medidas para baixar os preços dos alimentos e isentar a cesta básica de impostos.

Ministro concedeu entrevista ao canal ICL

Já na sexta-feira (21), Fernando Haddad, ministro da Fazenda, destacou as expectativas com relação à safra deste ano como forma de controlar a inflação dos alimentos. Afirmou em entrevista ao ICL Notícias que “provavelmente colheremos uma grande safra a partir do final deste mês, início de março. Se não for a maior, será uma das maiores. Assim, continuaremos exportando muitos alimentos e garantindo o abastecimento interno”, garantiu.

Além disso, Haddad destacou uma medida já em curso adotada pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, para ajudar na queda dos preços: a expansão da produção de algumas culturas agrícolas para outras regiões do país. “Ele tem feito vários instrumentos novos sobre a produção de alimentos pelo território nacional. Esse é o caso do arroz, por exemplo, que tá muito concentrado numa região e agora há uma tentativa de espalhar as culturas por vários estados. Estamos num período de crise climática. Vamos ter que lidar hoje com a questão da mudança climática, diversificando as culturas pelo território”, acrescentou.

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