Uma descoberta arqueológica na Noruega está lançando luz sobre as origens da escrita rúnica. Fragmentos de uma pedra rúnica, com idade estimada entre 1.700 e 2.070 anos, foram encontrados em um antigo cemitério na cidade de Hole. Essa é a primeira pedra do tipo a ser datada com precisão e pode ter sido esculpida por uma mulher, segundo os pesquisadores.
O que você vai ler aqui:
- Uma pedra rúnica, datada entre 50 a.C. e 275 d.C., foi encontrada na Noruega, sendo o objeto mais antigo do tipo;
- As runas, usadas pelos povos germânicos antes do alfabeto latino, têm sua origem ainda pouco compreendida;
- A pedra foi fragmentada e redistribuída entre várias sepulturas, sugerindo que teve uso em diferentes rituais funerários;
- A inscrição “idiberug” pode indicar que uma mulher esculpiu runas, sendo o primeiro registro feminino conhecido nesse contexto;
- Essa descoberta lança uma nova luz sobre as origens da escrita rúnica e o papel das mulheres na sua prática.
As runas eram um sistema de escrita utilizado pelos antigos povos germânicos antes da adoção do alfabeto latino. Elas permaneceram em uso na Escandinávia e no norte da Europa até o fim da Era Viking. Os vikings utilizavam uma variação mais jovem do alfabeto futhark, mas os exemplos mais velhos desse sistema são escritos no futhark antigo, cuja origem ainda não é totalmente compreendida pelos especialistas.
Antes dessa descoberta, os registros mais antigos conhecidos de runas eram de um pente de osso e uma faca de ferro encontrados na Dinamarca, ambos datados do século II.
A pedra norueguesa foi encontrada no sítio arqueológico de Svingerud e estava fragmentada em várias partes espalhadas por diferentes sepulturas. Os arqueólogos conseguiram encaixar esses pedaços como um quebra-cabeça, concluindo que todos pertenciam originalmente a uma única laje de arenito.
A datação de restos cremados e carvão encontrados nas sepulturas revelou que os enterros ocorreram durante a Idade do Ferro romana.
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Runas esculpidas na pedra são parcialmente identificáveis
As inscrições na pedra variam entre runas identificáveis e símbolos de significado incerto, que podem ser apenas ornamentais ou tentativas estilizadas de escrita. Isso sugere que diferentes pessoas podem ter gravado a pedra ao longo do tempo.
Uma hipótese levantada pelos pesquisadores é que a laje teria sido erguida para marcar um túmulo específico e depois fragmentada para ser incorporada a outros sepultamentos. No entanto, ainda não está claro o motivo dessa divisão, nem quando as inscrições foram feitas.
Em um comunicado, a pesquisadora Kristel Zilmer, uma das autoras do estudo, publicado nesta segunda-feira (3) na revista Antiquity, explicou que as pedras rúnicas tinham tanto um propósito cerimonial quanto prático. Segundo ela, a laje pode ter sido usada inicialmente para homenagear apenas um falecido, mas seu reaproveitamento em outros enterros pode indicar novas práticas e rituais funerários ao longo do tempo.

Entre as inscrições decifradas, uma sequência de runas chamou a atenção dos pesquisadores: “idiberug“. Esse termo pode ser o nome de uma mulher e aparece junto a um trecho que parece se referir ao ato de esculpir runas. Se essa interpretação for confirmada, este seria o primeiro registro conhecido de uma mulher gravando runas. Os pesquisadores, no entanto, alertam que essa hipótese ainda precisa ser mais investigada, pois “idiberug” também pode se referir ao falecido, a um doador ou até a outro elemento desconhecido.
Essa descoberta oferece uma nova perspectiva sobre as origens da escrita rúnica e sobre o papel das mulheres na sua disseminação. Ainda há muitas perguntas sem resposta, mas os fragmentos da pedra de Svingerud ajudam a preencher lacunas na história da escrita germânica antiga.
Fonte: olhardigital.com.br
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