Milton “Bituca” Nascimento, um dos maiores ícones da nossa música, repercutiu durante os últimos dias após a cerimônia do Grammy 2025, ao ser posicionado pela produção do evento em local de pouca relevância. O artista, de alcance mundial e detentor de premiações Brasil afora, estava em Los Angeles para disputar um Grammy com a cantora norte-americana, Esperanza Spalding, com quem gravou o álbum “Milton + Esperanza”. A artista expôs a situação em suas redes e compartilhou uma foto de um cartaz com o rosto de Nascimento segurado por ela durante todo o evento. “Estou brava porque essa lenda viva não foi considerada importante o suficiente para sentar entre os principais artistas, ou como quer que as mesas no andar principal sejam organizadas. Então, tive que trazê-lo comigo”.
Segundo o que foi alegado pela produção, confrontada pela equipe de Spalding, apenas os artistas cujas apresentações seriam exibidas no vídeo oficial estariam nas mesas. Tendo em vista a carreira majestosa de Milton Nascimento, o reconhecimento e o respeito conquistado ao longo de sua carreira, a equipe optou pela ausência dele na cerimônia, explica nota publicada no perfil do artista.
Repercussão
A atitude da Academia, que defino desastrosa, ainda repercute durante esta semana. Nas últimas postagens das premiações do evento no Instagram oficial da “Recording Academy/ Grammys”, páginas e perfis inundaram de comentários em respeito a Milton Nascimento. Aparentemente, até o momento, a Academia tem ignorado as manifestações.
O Ministério da Cultura (MinC) emitiu Nota de Repúdio nesta terça-feira (04).
Ícone da música brasileira
“Eu sou da América do Sul. Eu sei, vocês não vão saber” Canção Para Lennon e McCartney do álbum “Milton” de 1970
Milton Nascimento lançou 34 álbuns ao longo de sua carreira e conquistou cinco prêmios Grammy, destacando-se com o Grammy de Melhor Álbum de Música do Mundo em 1998, por Nascimento, e o de Melhor Álbum Pop Contemporâneo no Grammy Latino em 2000, por Crooner. O clássico álbum de 1972 Clube da Esquina, de Milton Nascimento e Lô Borges, foi eleito o nono melhor de todos os tempos em um ranking do Rolling Stone Brasil, consolidando-se como uma das obras mais emblemáticas da música brasileira. Ao longo de sua trajetória, Milton foi reconhecido por inúmeras colaborações com artistas de nome, tanto no Brasil quanto no exterior, como Angra, Beto Guedes, Caetano Veloso, Chico Buarque, Elis Regina, Gal Costa, Gilberto Gil, Jorge Ben Jor, Maria Bethânia, Simone, além de nomes internacionais como Björk e Duran Duran, com quem co-escreveu e gravou a música “Breath After Breath” em 1993. Suas canções foram regravadas por diversos artistas, consolidando seu impacto na música brasileira e mundial.
A situação na premiação deste ano resgata o debate sobre a forma como grandes nomes da música brasileira são tratados em eventos internacionais, especialmente em um momento como o Grammy, onde o Brasil tem muitos representantes premiados de peso. O caso de Milton Nascimento é um reflexo das dinâmicas de poder e do reconhecimento em espaços tão influentes.
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