No Dia Internacional das Mulheres, somos convocados a celebrar a força, a resiliência e a importância inegável das mulheres na construção de uma sociedade justa e igualitária. No entanto, essa data também impõe uma reflexão dolorosa sobre as múltiplas faces da violência que ainda assola nossas comunidades. O trágico caso de Vitória, uma adolescente de apenas 17 anos, brutalmente assassinada em Cajamar, é um lembrete gritante de que a luta contra o feminicídio – e por uma cultura de respeito e dignidade – permanece urgente e necessária.
Vitória, com sua juventude e sonhos, se tornou símbolo de uma realidade impiedosa: muitas mulheres, em todas as idades, vivem sob a ameaça constante da violência de gênero. Sua morte não pode ser encarada apenas como uma estatística ou um episódio isolado; ela representa a violência sistemática que corrói os alicerces de nossa sociedade, onde o corpo e a vida de uma mulher são tratados como desprovidos de valor. Ao mesmo tempo em que comemoramos as conquistas das mulheres – em lutas por direitos, por representatividade e por igualdade – é imperativo reconhecer que essas vitórias se tornam ainda mais valiosas quando celebradas sem o peso da opressão e do medo.
A luta em apoio às mulheres, portanto, se impõe em diversas frentes. Não basta apenas celebrar a data; é preciso transformar a consciência coletiva e adotar medidas concretas para erradicar o feminicídio e todas as formas de violência contra a mulher. Isso inclui a implementação rigorosa de políticas públicas, a promoção de uma educação que valorize o respeito mútuo e o combate à cultura machista que perpetua a desigualdade. Cada ato de violência contra uma mulher é um atentado contra a humanidade, e cada vida perdida, como a de Vitória, deve mobilizar a sociedade para mudanças profundas.
O valor das mulheres na sociedade não pode ser reduzido a estereótipos ou a objetos de prazer e controle. Elas são protagonistas de suas próprias histórias, líderes, profissionais, mães, irmãs e cidadãs, cujo direito à segurança, ao respeito e à dignidade é inalienável. Ao reconhecer essa importância, reafirmamos que o feminicídio – a morte de mulheres em razão do gênero – é uma das mais graves violações dos direitos humanos, um crime que nos obriga a questionar as estruturas sociais e culturais que o possibilitam.
Neste dia, enquanto homenageamos as lutas e conquistas das mulheres, é fundamental transformar a memória de vítimas como Vitória em um chamado à ação. Que sua trágica morte nos lembre da necessidade de intensificar a vigilância contra todas as formas de violência, de repensar as práticas que subjugam e desumanizam, e de construir uma sociedade onde cada mulher possa viver com segurança, respeito e liberdade.
Que o legado de Vitória e de tantas outras mulheres que sofrem a violência de gênero se converta em força e inspiração para que, juntos, possamos derrubar as barreiras do preconceito e da impunidade. Hoje, celebramos a mulher em sua plenitude, e reafirmamos nosso compromisso com uma transformação real – onde a justiça não seja apenas um ideal, mas uma prática diária e indispensável para a construção de um mundo verdadeiramente humano e igualitário.
Comente