A morte de Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, provocou uma onda de comoção global — e não apenas dentro da Igreja Católica. Para além da fé, sua figura foi símbolo de empatia, coragem e coerência em tempos de crise moral e institucional.
Francisco foi o primeiro papa latino-americano da história, e isso não era apenas um dado geográfico. Era um gesto simbólico. Um líder que falava com sotaque do Sul global, com os pés na periferia e o olhar voltado aos esquecidos. Em seus discursos e atitudes, fez do Evangelho um chamado à justiça, e da Igreja, um espaço de diálogo — muitas vezes incômodo para os setores mais conservadores.
Sua frase — “Para alguns sou comunista, mas o amor pelos pobres é o centro do Evangelho” — tornou-se um marco. Nela, condensava-se o desconforto que sua liderança causava nos poderosos e a esperança que oferecia aos marginalizados.
Durante seu pontificado, Francisco defendeu populações oprimidas, estendeu a mão à comunidade LGBTQIAPN+, falou sobre a crise climática como poucos chefes de Estado fizeram, e enfrentou, com franqueza, os próprios pecados da Igreja. Chamou o conservadorismo estéril pelo nome. Denunciou a idolatria do dinheiro. E pregou uma fé que anda descalça, não de joelhos para o capital.
Seu legado é, antes de tudo, humano. Porque Jorge — antes de ser papa — era apenas Jorge. Alguém que viveu como acreditava, que não se blindou das dores do mundo, e que tentou, até o fim, aproximar a espiritualidade da vida real.
O Papa era pop. Era popular. Era latino. Era progressista. Era à frente do que o segurava.
E por isso, hoje, muitos — com ou sem fé — dizem com sinceridade:
Obrigado, Jorge.
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